SANTA TERESA DE CALCUTÁ E A COMUNIDADE DIVINA LUZ
Teresa de Calcutá, cujo nome de batismo era Agnes GonxhaBojaxhiu, nasceu em 27 de agosto de 1910 em Skopje, na Albânia. Sua infância foi um período normal como o de outras pessoas, mas pouco se sabe sobre esse tempo de sua vida, pois ela pouco falava. Teve uma sólida formação católica por conta de sua família, e aos dezoito anos sentiu o chamado para a vida religiosa, recebendo o apoio de seus pais. Deixando a casa paterna, foi para a Irlanda entrar no Instituto da Bem-aventurada Virgem Maria (as irmãs de Loreto). No momento em que se despedia de sua família, uma frase de sua mãe marcara profundamente sua alma: “Segure a mão Dele e caminhe sozinha com Ele. Siga em frente porque, se olhar para trás, irá voltar.” Ela, então, deixava a sua casa para sempre.
Em 1931, partiu para Índia como missionária para um trabalho de apostolado. Ali fez sua profissão religiosa tomando o nome de Teresa, em homenagem à sua santa de devoção: Teresinha do Menino Jesus. Este dia para ela, foi um dia de muita alegria interior. Dia em que ela se tornava esposa de Jesus para sempre, o que ela desejava desde muito tempo. Numa carta ao Pe. Jabrekovic, dizia: “Agora sou Dele e por toda a eternidade!” Era uma mulher de profundíssima vida de oração, e tal era o seu amor por Jesus que realizou um voto para com Ele: sob a autorização de seu diretor espiritual, Madre Teresa prometeu a Jesus, sob pena de pecado mortal, nunca Lhe recusar nenhum de seus pedidos e dar-Lhe qualquer coisa que Ele possa pedir.
Logo, foi transferida para Calcutá onde foi professora de muitas meninas, mas ao sair na rua, olhando a extrema pobreza daquele lugar e o estado deplorável no qual as pessoas viviam, sentia um desejo de fazer algo. No dia 10 de setembro de 1946 (que posteriormente, ficou conhecido como “dia da inspiração”), enquanto ela fazia uma viagem de trem, se deparou com um pobre na rua, que lhe chamou muito a atenção, ao ir ao seu encontro, ele lhe disse: “Tenho sede.” Neste evento, ela começou a entender interiormente um novo chamado: saciar a sede de Jesus nas almas e nos pobres. Ela dizia que toda a sua missão consistia nisso: “Tenho sede, disse Jesus na cruz quando estava privado de toda consolação, morrendo em absoluta pobreza, abandonado, desprezado, quebrado em corpo e alma. Ele falou de Sua sede – não de água – mas de amor, de sacrifício…” Neste mesmo dia, a partir desse evento, Jesus começou a falar com muita clareza no coração da Madre Teresa, o que ela intitulou de “o chamado dentro do chamado”, isto é, continuando na vocação religiosa, sair do instituto em que ela entrara para fundar outro: as Missionárias da Caridade. Nosso Senhor falava ao coração dela palavras muito claras sobre a missão para a qual Ele a estava chamando:
“Venha, venha, leve-Me aos buracos dos pobres. Venha, seja minha luz […] Quero freiras indianas, vítimas do Meu amor, que sejam Maria e Marta. Que estejam tão unidas a Mim, que irradiem o Meu amor por sobre as almas. Quero freiras livres, cobertas com Minha pobreza da Cruz. Quero freiras obedientes, cobertas com Minha obediência da Cruz. Quero freiras cheias de amor, cobertas com a Caridade da Cruz. Vai recusar a fazer isto por Mim? […] Quero irmãs Missionárias da Caridade indianas, que serão o Meu fogo de amor entre os muito pobres, os doentes, os moribundos, as criancinhas de rua. Quero que Me traga os pobres e as Irmãs, que ofereçam suas vidas, como vítimas do Meu amor, trarão essas almas a Mim. Sei que você é a pessoa mais incapaz, fraca e pecadora, mas é precisamente porque você é assim, que Eu quero usá-la, para a Minha Glória! Vai recusar?…”
“Deus me chama, indigna e pecadora como sou, e eu anseio por dar tudo pelas almas. Todos vão pensar que sou louca, depois de tantos anos começar algo que me trará, na sua maior parte, só sofrimento. Mas Ele também me chama a unir-me às poucas pessoas para iniciar o trabalho, para combater o demônio e privá-lo das milhares de pequenas almas que ele destrói cada dia.”
Depois de anos esperando, na obediência ao seu diretor espiritual e ao arcebispo de Calcutá, Madre Teresa iniciou a sua nova missão. Em 1949 começou a redigir as constituições das Missionárias da Caridade e no ano seguinte, recebeu a aprovação da Santa Sé para a congregação. O início foi bem difícil. Começou sozinha a atender algumas crianças excessivamente pobres, mas logo foram surgindo novas vocações, sobretudo de meninas que tinham sido suas alunas. A obra cresceu e deu muitos frutos para Calcutá e para inúmeros países para os quais a congregação foi se alastrando, com o passar dos anos. Muitas almas se voltaram para Deus, como ela mesmo diria. Apesar disso, desde que Madre Teresa fundara as Missionárias da Caridade, Deus deu à sua alma uma experiência que se perduraria até o fim de sua vida: a escuridão da alma, como ela mesmo chamava. Era um vazio interior profundo, não mais ouvia a voz de Deus, nem sentia sua presença, pelo contrário, todas as consolações da vida de oração lhe foram tiradas. Sentia como que uma tristeza de um vazio interior. No entanto, o amor por Deus e por sua missão, só aumentava. A alegria que sentia em se dar a Deus e aos pobres, era visível. Tudo isso era o Senhor que purificava o seu coração para tornar o amor da Madre Teresa mais perfeito, e assim, ela vivia na alma aquilo que era o centro de seu chamado: a sede e o sofrimento de Jesus na cruz.
“Se eu alguma vez vier a ser santa, serei certamente uma santa da escuridão…”
“A minha própria alma permanece em uma escuridão e desolação profundas. Não, não me queixo, que Ele faça comigo o que Ele quiser.”
Além de seu apostolado para com os pobres (conhecido mundialmente), o que para ela era essencial, era a vida de oração. Santa Teresa de Calcutá passava horas diante do Santíssimo Sacramento, todos os dias. O seu dia começava sempre com a Santa Missa e depois ficava em adoração. Nunca ia servir os pobres antes de passar horas diante do sacrário.
Nos últimos anos de sua vida, no hospital, um médico hindu, sem saber, testemunhou o amor da Madre para com a Eucaristia: “[…] Antes de os tubos serem retirados de seus pulmões (após uma parada cardíaca), o médico disse: ‘Padre, vá para a casa e traga aquela caixa para a madre.’ Por momentos pensei: ‘que caixa?’ Ele respondeu: ‘aquela caixa, aquele templo que costumam trazer-lhe e que colocam no quarto, para onde a Madre está sempre olhando. Se o senhor o trouxer e o colocar aqui no quarto, a madre ficará calmíssima.’Percebi que ele se referia ao Tabernáculo com o Santíssimo Sacramento. Ele me disse: ‘quando a caixa está aqui no quarto, ela fica só olhando, e olhando, e olhando para aquela caixa’”.
Certa vez, o Cardeal Angelo Comastri encontrou com a Madre Teresa em Roma e ela lhe fez uma pergunta: “quantas hora ao dia você reza?” Ele respondeu que celebrava a Missa todos os dias, rezava o terço e a liturgia das horas. Madre Teresa então lhe disse: “isso não é suficiente. O amor não pode ser vivido de forma minimalista.” Então, ela o pediu que fizesse meia hora de adoração diária, ele consentiu. Anos mais tarde, disse o cardeal: “ela salvou o meu sacerdócio.”
Santa Teresa morreu no dia 05 de setembro de 1997, depois de uma longa vida doada a Deus através dos mais pobres.
A Comunidade Divina Luz tem Santa Teresa de Calcutá como baluarte, pois ela nos inspira a viver um autêntico equilíbrio espiritual no mundo moderno. Vivemos hoje num ritmo muito corrido, num mundo em que as pessoas, cada vez mais, têm muitas necessidades espirituais: necessidades de experimentar o amor de Deus, de curas, de libertações, de conversões… Temos muito a trabalhar pelas almas, mas Teresa de Calcutá nos ensina a humildade de reconhecer que não somos nós que faremos algo por alguém, mas Jesus em nós. Não depende tanto dos esforços humanos, mas da graça de Deus. Por isso, é preciso rezar e rezar muito, sobretudo numa vida de adoração. Nosso fundador nos ensina que devemos ter a adoração como expressão máxima de nossa espiritualidade. Em todos os nossos grupos de oração, retiros e momentos internos temos adoração ao Santíssimo Sacramento, pois é daí que buscamos forças para todo o nosso apostolado, toda a nossa missão. Parafraseando Monsenhor Jonas Abib: “quem não adorar, não vai aguentar”. Santa Teresa de Calcutá sentiu na pele as maiores misérias que um ser humano pode passar, e mesmo assim ajudou muitos pobres e trouxe muitas almas para Deus. Ela foi capaz de fazer isso, porque através da adoração eucarística, Jesus transformava o seu coração, e Ele o fez de tal forma que todas as atitudes da madre se tornaram atitudes de Jesus tocando as pessoas. Toda missão deve partir da adoração e esta deve ser a nossa alegria: “Estar em Tua presença é a maior graça que podemos ter…”
Que Santa Teresa de Calcutá nos ensine a ter um amor muito grande a Jesus Eucarístico, para podermos irradiar esse amor em nossas missões.