SÃO PAULO APÓSTOLO E A COMUNIDADE DIVINA LUZ
Saulo nasceu em Tarso e foi educado na religião dos judeus. Aprendeu com bastante afinco as leis e tradições judaicas se tornando desde cedo, um autêntico fariseu e zeloso cumpridor das leis. Tendo sido discípulo de Gamaliel, um dos membros mais destacados do Sinédrio, conheceu profundamente as Escrituras e esperava a chegada do Messias. Entretanto, com o crescimento do cristianismo, crescia em Saulo uma fúria por ver que “aquele grupo” estava pregando algo diferente da tradição que ele aprendera de seus pais. Após assistir o discurso e a morte de Santo Estêvão, o primeiro mártir (At 7,1-8,1), Saulo decidiu pôr em prática a indignação que trazia consigo. Começou a perseguir cruel e ferozmente todos os cristãos que encontrava, como está descrito em alguns relatos nos Atos dos Apóstolos:
“Saulo, entretanto, devastava a Igreja: entrava nas casas e arrastava para fora homens e mulheres, para atirá-los na prisão.” (At 8,3); “Saulo, entretanto, respirava ameaças de morte contra os discípulos do Senhor.” (At 9,1); “Persegui até à morte os adeptos deste Caminho, prendendo homens e mulheres e lançando-os na prisão.” (At 22,4); “Eu também, antes, acreditava ser meu dever combater com todas as forças o nome de Jesus, o Nazareno. Foi o que eu fiz em Jerusalém: prendi muitos dos seus fiéis, com autorização dos sumos sacerdotes, e dei meu consentimento quando eram condenados à morte. Muitas vezes, percorrendo todas as sinagogas eu procurava forçá-los a blasfemar por meio de torturas e, no auge do meu furor contra eles, eu os caçava até em cidades estrangeiras.” (At 26, 9-11)
Foi em uma perseguição, quando Saulo passava pela estrada de Damasco, que Deus quis mudar totalmente sua vida. No capítulo 9, dos Atos dos Apóstolos, vemos esse relato: Ele viu uma luz e ao cair por terra ouviu Nosso Senhor dizer-lhe: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Quando se levantou da queda, não enxergava mais nada e ao receber a oração de Ananias, ele recobrou a visão: foi, então, o início de uma vida nova. Saulo se tornou Paulo e se transformou no maior evangelizador de todos os tempos. “Onde abundou o pecado, superabundou a graça.” (Rm 5,20). Além do capítulo 9, do livro dos Atos dos Apóstolos, temos nos capítulos 22 e 26 relatos do próprio São Paulo sobre a sua conversão. Deus destinou Paulo para ser o apóstolo dos gentios, isto é, dos pagãos. Ele percorreu inúmeras cidades pregando a fé católica nascente e convertendo inúmeras pessoas. O mesmo ímpeto que tinha ao combater os cristãos antigamente, era agora o ímpeto com que ele pregava para a conversão dos pagãos. Com muita coragem, enfrentou multidões, naufragou, foi preso, açoitado, e incansavelmente, mesmo na prisão, escreveu inúmeras cartas presentes na Sagrada Escritura.
Deus fez daquele coração duro, fechado de Saulo, um coração indiviso e apaixonado por Jesus, como se vê em diversos escritos seus:
“Com Cristo eu fui pregado na Cruz. Já não sou eu quem vivo, mas Cristo que vive em mim.” (Gl 2,19-20); “Mas essas coisas que eram ganhos para mim, considerei-as prejuízo por causa de Cristo. Mais que isso, julgo que tudo é prejuízo diante deste bem supremo que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele, perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele.” (Fl 3,7-9); “É pela graça de Deus que sou o que sou. E a graça que ele reservou para mim não foi estéril.” (1Cor 15,10).
Depois de “Combater o bom combate” (2Tm 4,7) numa vida totalmente doada a Deus, São Paulo coroou sua entrega, dando a vida como seu Senhor. Foi decapitado em Roma, entregando-se completamente a Deus. O apóstolo Paulo nos ensina a nos entregarmos de modo radical à vida nova que Jesus nos chama a viver – “quem está em Cristo é uma nova criatura.” (2 Cor 5,17) – nos ensina que depois que fomos resgatados da morte na qual vivíamos, vale a pena deixar tudo e sofrer tudo por amor a Deus e viver uma vida no espírito, pois “Quem nos separará do amor de Cristo? […] Em tudo somos mais que vencedores, graças Àquele que nos amou.” (Rm 8, 35.37)
A Comunidade Divina Luz é chamada por Deus a ser missionária, a levar a palavra de Deus – nas palavras de nosso fundador – “aonde ninguém quer ir”. Por isso, ela tem como um de seus baluartes São Paulo Apóstolo, que foi um homem repleto do desejo de levar a salvação para todos aqueles que ainda não a tinham experimentado. Na vida de São Paulo, vemos que o chamado de Deus é verdadeiramente irrevogável: – “Ai de mim se não evangelizar!” (1Cor 9,16) – e que para salvar as almas vale a pena todo esforço, todo cansaço, toda doação, até mesmo a entrega da vida – se assim Deus pedir – pois o Céu é a nossa meta e a nossa verdadeira felicidade: “Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que há de ser revelada em nós.” (Rm 8,18). Pedimos a São Paulo que nos ajude a pregar com coragem e a testemunhar a verdade da fé católica nesses tempos tão difíceis. Em seu exemplo, nos inspiramos para levar adiante, sem medo, o carisma que o Senhor nos deu:
“Proclama a palavra, insiste oportuna e inoportunamente, convence repreende, exorta, com toda a paciência e com a preocupação de ensinar. Pois vai chegar um tempo em que muitos não suportarão a sã doutrina, mas conforme seu gosto, se cercarão de uma série de mestres que só atiçam o ouvido. E assim, deixando de ouvir a verdade, eles se desviarão para as fábulas. Tu, porém, vigia em tudo, suporta as provações, faze o trabalho de um evangelista, desempenha bem o teu ministério.” (2Tm 4,2-5)
Que São Paulo nos ajude e nos ensine a resgatar almas da morte espiritual!
“Sou agradecido àquele que me deu forças, Cristo Jesus, nosso Senhor, pela confiança que teve em mim, colocando-me a seu serviço, a mim que, antes, blasfemava, perseguia e agia com violência. Mas alcancei misericórdia, porque agia por ignorância, não tendo ainda a fé. A graça de nosso Senhor manifestou-se copiosamente, junto com a fé e com o amor que estão em Cristo Jesus. É digna de fé e de ser acolhida por todos esta palavra: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro. Mas alcancei misericórdia, para que em mim, o primeiro dos pecadores, Jesus Cristo mostrasse toda a sua paciência, fazendo de mim um exemplo para todos os que crerão nele, em vista da vida eterna. Ao Rei dos séculos, Deus imortal, invisível, único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (1Tm 1,12-17)